


Sou ex tripulante.
Minha profissão é linda. Tem mistério, charme, crendices.
Mas é o meu trabalho.
Trabalhei muito. Muitas horas. Desde o início, quando optei ser tripulante, iniciei em uma jornada de muito estudo e dedicação. Existem diferentes cobranças entre tripulantes.Cada um demanda uma exigência. Mas somos cobrados em tempo integral sobre esta carreira que assumimos.
Ser tripulante exigia mais de mim do que eu poderia imaginar.
A parte técnica: os estudos, provas, etapas, credenciamentos, habilitações… são pesadas. Mas não imaginava, lá no começo da minha carreira o quanto esta decisão pesaria em minha vida.
Pelo princípio: amo o que faço. Impossível não amar. Quem não ama, não está aqui. Só é capaz de abraçar esta profissão quem, por paixão, vício ou insanidade, abre mão de um pouco de si, para desbravar o mundo afora.
É preciso muito amor para descobrir, com o passar do tempo, que você deixa sua vida para trás, em prol de levar outras vidas para frente.
Vivi o deslocamento dos outros, seus sonhos, trabalho ou viagens, enquanto, o meu próprio, normalmente, estava em um ponto único, saudoso e com cotidiano regular: meu lar.
Vivi, com o passar dos anos, muitas emoções que uma profissão regular não poderia oferecer. Conheci o mundo, temperaturas, lugares, comidas, pessoas sensacionais. Definitivamente, o maior encanto desta profissão é conhecer pessoas, fazer novos amigos, descobrir outras histórias.
Vivi a cada viagem, um círculo de amizade diferente… Alguns se tornam vínculo para uma vida inteira. Outros, apenas aquela jornada mais feliz. Mas, cada um, com sua devida importância… A qual valorizo demais.
Porém, como já disse, o maior pesar desta profissão é não poder participar do que de mim é mais importante: minha família/amigos.
Perdi, inúmeras vezes, momentos de suma importância, por precisar trabalhar.
Isso não é uma queixa. É uma constatação.
Pode ser que, minha presença até exista, mas o cansaço do meu trabalho me consome demais.
Profissão que já exige minha ausência do meu lar, e que acaba, por algumas vezes, me afastando de amigos e pessoas queridas que se cansam da minha ausência.
Entre tantas outras habilidades que desenvolvi, aprendi a amar à distancia. E a julgar menos as dificuldades que a vida propõe.
E, no meu intimo, não desisto de amigos que pouco vejo…
Sinto falta de tantas pessoas importantes que não posso estar perto. E sofro pela distância que meus compromissos profissionais exige.
E então, aprendi a ficar sozinha. E para isso, tenho que cuidar da minha saúde (mental e física), do coração e do espírito.
Hoje o post não é somente o glamour da profissão e sim o relato de uma pessoa que ”se redescobriu” de outra maneira em uma outra posição, a verdade é que podemos sair e nos libertar da profissão tão sonhada e amada mas que nunca, sairá de nossas memórias e melhores lembranças. Momentos ruins, momentos bons, saudade…Nostalgia.


Hoje é dia de tbt, então aqui vai para todos os meus momentos e bons votos para colegas de profissão, e muito amor e luz nessa nova fase que se inicia. ✨🛫🚢🗺❤️


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